XXXI – O ESTUDO DO SONO NA POLISSONOGRAFIA DOMICILIAR

Cesar Augusto Seronni
Isadora Christina Seronni Fayad

Atualmente a sociedade está convivendo com um paradigma que é o distúrbio do sono. Muitos adultos e crianças apresentam vários sintomas em conseqüência da má respiração noturna, pois a oxigenação de todos tecidos do nosso corpo depende, em grande parte, daquele momento em que se está mais relaxado. Quando há um bloqueio das vias respiratórias superiores, o ser humano dorme mal. Durante o sono profundo, no REM, ou seja, aquele sono que realmente descansa, física e psicologicamente, o bloqueio respiratório costuma aumentar muito, pois se deve estar devidamente relaxado e o cérebro terá de escolher entre deixá-lo continuar afogando-se, ou superficializar o seu sono, diminuindo a qualidade do mesmo.
Respiramos em torno de nove mil vezes por dia e não podemos ficar três minutos sem esse elemento essencial para sobrevivência, o ar. Portanto, todos os nossos órgãos dependem diretamente dele, principalmente o coração e o cérebro.
Vários especialistas como otorrinolaringologistas, neurologistas, cardiologistas, geriatras, pneumologistas, gastroenterologistas, endocrinologistas e pediatras, dependem do exame do sono para melhor conduzir seus pacientes.
Uma variedade de sintomas e doenças pode estar relacionada com a má respiração noturna: ronco, apnéia, angina, hipertensão arterial, infarto, trombose, AVC, nanismo, diabetes, insônia, depressão, distúrbios psiquiátricos, epilepsia, sonolência diurna, irritabilidade, dor de cabeça, dores musculares e torácicas, insegurança, acidentes de trânsito, diminuição da memória e da concentração, labirintite, zumbido, halitose, obesidade, impotência sexual, refluxo gastresofágico, entre outros.
Muitos gastroenterologistas pedem esse exame, pois se sabe que grande parte das pessoas que tem refluxo, é roncador noturno ou tem obstrução nasal que exacerba durante o sono, fazendo que, com o esforço respiratório, a pressão negativa na garganta crie o efeito vácuo, podendo chegar até 20 vezes o normal, desse modo aspira o suco estomacal, ocasionando acidez na faringe e nas cordas vocais.
As crianças também padecem desta falta de oxigenação noturna. As que ressonam (roncam) durante o sono também podem ser portadoras da Síndrome da Apnéia do Sono que se caracteriza por uma interrupção da respiração enquanto ela está dormindo, reduzindo assim a quantidade de oxigênio no sangue. Estudos sobre crianças portadoras de apnéia, mostraram que as mesmas obtiveram um desempenho pior nos testes de QI e também, apresentaram danos em estruturas do cérebro, relacionadas à memória, à aprendizagem e ao desenvolvimento das capacidades mentais e físicas, limitando até a sua habilidade de ler. A Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS) também pode levar a um retardo do crescimento da criança e até, a uma alteração cárdio-respiratória, como hipertensão pulmonar. Acrescente-se, o ressonar, respiração pela boca, movimentação intensa durante o sono, xixi na cama ou suar muito durante a noite, alterações cognitivas e comportamentais, como déficit de atenção e hiperatividade, que podem gerar uma má aprendizagem e baixo rendimento escolar. Existem muitas causas para a apnéia da criança, mas a principal é a hipertrofia (aumento do tamanho) das amígdalas e adenóides. Outras causas incluem obesidade, malformações craniofaciais e doenças neuromusculares. Esta síndrome pode ocorrer em qualquer sexo e idade, incluindo recém-nascidos, mas a predominância é em crianças com idade pré-escolar onde a hipertrofia das amígdalas e da adenóide é mais comum. Como é um mal que pode trazer prejuízos cerebrais, pela má oxigenação, os danos podem ser irreversíveis e por isso o diagnóstico precoce é de extrema importância. Procurar um médico imediatamente para um diagnóstico específico se for observado sintomas da Síndrome da Apnéia do Sono na criança, também pode ajudá-la a melhorar sua qualidade de sono, aprendizagem e sociabilidade. Por isso é de estrema importância, pais e professores ficarem atentos aos sintomas da má respiração das crianças, optando sempre por fazer uma polissonografia para investigar as prováveis causas.
Muitas crianças são agitadas e não suportam dormir em clínicas, por isso optamos por um aparelho moderno que realiza o estudo do sono na própria casa do paciente, com todo seu conforto, sem sair do seu habitat natural.
As doenças causadas pelos distúrbios do sono, como o ronco e a apnéia, em grande parte, passam desapercebidas e o paciente fica tratando das suas conseqüências, por isso é importante que as pessoas saibam e discutam com seus médicos este lado, podendo realizar o estudo do seu sono, uma vez que a polissonografia é um exame inócuo e esclarecedor.
Esse registrador do sono portátil permite aos médicos fazer triagem e diagnosticar distúrbios respiratórios relacionados ao sono, em crianças e adultos, avaliar tratamentos e realizar o acompanhamento dos pacientes. O sono, na polissonografia domiciliar, é mais natural. São máquinas miniaturizadas (Sleep Diagnostic Device) que fazem o estudo do sono em casa ou no hotel. Tem menos fios, permitindo ao paciente maior liberdade de movimentos, inclusive ir ao banheiro durante o exame. O aparelho registra até dez horas de sono no chip (smart cards) em software específico. Nesta avaliação respiratória noturna, obtêm-se os roncos, as apnéias (paradas respiratórias) e hipopnéias, centrais, periféricas ou mistas, variações do fluxo aéreo nasal (bloqueio respiratório), posições do paciente, variação da oxigenação do sangue (oximetria) e da freqüência cardíaca (arritmias) durante os eventos noturnos.
Além de calibrar CPAPs (aparelhos que ajudam o paciente respirar durante o sono), também diagnosticam outros distúrbios do sono.

Cesar Augusto Seronni (crmgo 2287) é médico otorrinolaringologista. (site:www.seronni.med.br).
Isadora Christina Seronni Fayad (crfªgo 9665) é fonoaudióloga especializada em adaptação de CPAP e Polissonografia.
Isadora é filha do Dr. Cesar Seronni.

 

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