Quase todas as especialidades médicas estão relacionadas à má respiração noturna, durante o sono, pois a oxigenação de todos os tecidos do nosso corpo depende, em grande parte, daquele momento em que se está mais relaxado e o bloqueio das vias aéreas superiores é mais intenso, em certas pessoas. Sabe-se que o oxigênio é o elemento mais vital ao organismo. O ser humano respira em torno de nove mil vezes por dia e não pode ficar três minutos sem essa preciosidade, o ar. Portanto todos os nossos órgãos dependem diretamente dele. Alguns são mais necessitados como o coração e o cérebro. Hospitais cardiológicos e neurológicos costumam ter o seu serviço próprio de estudo do sono, a polissonografia. Uma variedade de sintomas e doenças pode estar dependente da má respiração, como hipertensão, angina, infarto, nanismo, diabetes, trombose, AVC, insônia, depressão, distúrbios psiquiátricos, epilepsia, sonolência diurna com acidentes de trânsito, ronco e apnéia com separação de casais, irritabilidade, insegurança, diminuição da memória e da concentração, dor de cabeça, musculares e torácica, impotência sexual, labirintite, zumbidos, halitose, obesidade, refluxo, entre muitos outros. Até os gastroenterologistas costumam pedir esse exame, pois se sabe que grande parte das pessoas que tem refluxo gastresofágico e laringofaríngeo é contumaz roncador noturno ou tem obstrução nasal que exacerba durante o sono fazendo com que, com o esforço respiratório, a pressão na garganta – efeito vácuo – chegue a até vinte vezes o normal, aspirando o suco estomacal e ocasionando acidez na faringe e cordas vocais.
As crianças também padecem dessa falta de oxigenação noturna, muitas vezes pelo crescimento exagerado das amígdalas palatinas e adenóide.
Os exames deverão ser realizados por médicos otorrinolaringologistas que avaliam a válvula nasal, importante região com o maior estreitamento narinário, colhendo material e estudando toda a via respiratória através da vídeoendoscopia nasofaringolaringeana e traqueobrônquica. Há manobras e exames microscópios, inclusive com telescópicos bastantes finos (2,7 milímetros) e com visão angulada que conseguem ver e amplificar imagens por trás do complexo osteomeatal e do recesso esfenoetmoidal. Evidenciam-se também, nesses exames, certos bloqueios e infecções sinusais que passam despercebidas.
O médico otorrinolaringologista também costuma dispor de modernas e miniaturizadas máquinas (Sleep Diagnostic Device) que fazem o estudo do sono em casa, ou seja a polissonografia domiciliar. O aparelho é instalado no paciente em sua residência ou no hotel, com acomodações confortáveis. O sono assim é mais natural, permitindo ao paciente maior liberdade de movimentos, inclusive ir ao banheiro durante o exame. O aparelho registra até dez horas de sono no chip (smart cards) em software específico. Nessa avaliação respiratória noturna, obtêm-se os roncos, as apnéias (paradas respiratórias) e hipopnéias, centrais, periféricas ou mistas, variações do fluxo aéreo nasal (bloqueio respiratório), posições do paciente, variação da oxigenação do sangue (oximetria) e da freqüência cardíaca (arritmias) durante os eventos noturnos. Além de calibrar CPAPs (aparelhos que ajudam o paciente respirar durante o sono), diagnosticam outros distúrbios do sono.
O tratamento moderno para a má respiração noturna ou Síndrome da Apnéia e Hipopnéia Obstrutiva do Sono (SAHOS) caminha para procedimentos cirúrgicos cada vez menos agressivos e sob anestesia local, como a microuvulopalatofaringoplastia (MUPP), associada ou não a intervenções endonasais, como as microturbinoplastias e septorrinoplastias, sem tamponamentos nasais e com alta hospitalar no mesmo dia. Como são procedimentos minimamente invasivos e o paciente já vai para casa respirando pelas narinas, são também adequados para pacientes idosos que precisam muito mais de uma boa respiração. Outras cirurgias mais agressivas, uso de aparelhos intra orais ou CPAPs, poderão também ser indicados em casos específicos.
César Augusto Seronni – www.seronni.med.br
Médico Otorrinolaringologista – Crmgo: 2287
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