XXVII – CIRURGIAS OTORRINOLARINGOLÓGICAS MINIMAMENTE INVASIVAS – REALIZADAS SOB ANESTESIA LOCAL E SEM TAMPÃO

Autores: César Augusto Seronni e Giovanni Paolo Seronni

A tendência futurista das cirurgias, numa maneira geral, é no sentido de preservar a saúde humana e tratar as doenças de forma cada vez mais prática e segura e também, com maior eficiência. Hoje, com o uso de aparelhos que magnificam imagens como os microscópios e endoscópios e também, com os que cortam e coagulam sem sangramento, estes objetivos se tornaram uma realidade. Muitas intervenções tornaram-se menos traumáticas e mais acessíveis.
Os exames de imagens, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, conseguem mostrar os defeitos com uma maior precisão, auxiliando de sobremaneira nesses procedimentos.
As sensações corporais, táteis, térmicas e dolorosas são identificadas por receptores sensitivos na superfície estimulada, transformando este estímulo em corrente elétrica que é transportada pelos nervos periféricos até o cérebro onde são interpretados, tornando possível a sua consciência. A anestesia local consiste no bloqueio da transmissão da corrente gerada pela dor antes da sua chegada ao cérebro.
A evolução na busca de procedimentos minimamente invasivos e altamente eficazes, visando uma atuação certeira, diminui manipulações e lesões em áreas indesejadas e também, favorecem a cirurgias com o mínimo de trauma. Tal evolução, associada a um maior conhecimento anatômico, proporciona o estímulo de menos receptores para a dor durante o ato cirúrgico, facilitando o bloqueio seletivo da inervação na área que será manipulada, tornando assim, bastante factíveis variadas cirurgias sob anestesia local.
Os hipno-analgésicos são substâncias rotineiramente administradas que deixam o paciente mais relaxado e diminuem o limiar da dor e que também, intensificam o efeito dos anestésicos locais no bloqueio dos nervos periféricos, proporcionando uma menor quantidade de solução anestésica a ser infiltrada. O controle da dor pela anestesia local, associado a uma analgesia e sedação leves, proporciona ao paciente um procedimento cirúrgico mais simplificado e sem os riscos de uma anestesia geral.
É importante nestes procedimentos cirúrgicos sob anestesia local a presença do médico anestesista que acompanha o paciente na sala cirúrgica e promove a sua monitoração cardíaca e a oximetria.
Os grandes beneficiados nestes casos são as pessoas idosas que geralmente têm limitações para se submeterem à anestesia geral, principalmente aquelas que têm problemas, justamente de má respiração e precisam solucioná-los. Estes pacientes necessitam de muito mais oxigênio de que os jovens. A entrada de ar pelas narinas e a sua passagem pela garganta vão sendo comprometidas com a idade, principalmente em consequência do relaxamento das estruturas anatômicas destas regiões. O nariz vai caindo e os músculos dilatadores do mesmo e da garganta vão se enfraquecendo, fazendo com que o bloqueio respiratório aumente mais. É também por isso que o ronco e a apnéia do sono são mais comuns em idosos.
As cirurgias para correção de desvios septais são realizadas rotineiramente sob anestesia local e o paciente já relata melhora importante da respiração nasal ainda na sala operatória, indo, poucas horas após, para casa sem o desconforto do tamponamento nasal.
O uso de vasoconstrictores, associados a anestésicos tópicos, aplicados diretamente no local a ser operado e também com algodão emebebido nesta solução, gera uma diminuição do sangramento trans operatório. Isso também possibilitou um grande salto no desenvolvimento de técnicas para realização das sinusectomias (cirurgia para correção de sinusites crônicas) sob videoendoscopia com anestesia local.
A infiltração de anestésico local na emergência dos nervos que inervam a estrutura nasal proporciona o trabalho em toda base do nariz, tornando possível a realização de cirurgias estéticas nasais, também sob anestesia local.
A cirurgia da otospongiose ou otosclerose, uma causa comum de surdez, por exemplo, quando realizada sob anestesia local, permite-nos indagar ao paciente, no ato operatório, logo após a estapedotomia (nome da cirurgia), se ele está ouvindo bem e sem zumbidos ou vertigens, antes do término e do curativo oclusivo do conduto. Caso exista algum problema, o médico otorrino poderá solucioná-lo de imediato ao passo que, sob anestesia geral, qualquer intercorrência cirúrgica somente seria descoberta dias após aquele ato.
Nas cirurgias endonasossinusais, o paciente já vai para casa respirando pelas narinas, poucas horas após a operação. Como o sangramento operatório costuma ser mínimo nestes casos, sob anestesia local, pode-se realizar várias intervenções num mesmo tempo cirúrgico, incluindo plásticas e cirurgias faringianas para o ronco, por exemplo. Também, porque o tempo dispendido nas cirurgias sem anestesia geral não é tão importante.
É por acreditar nesta supracitada tendência futurística das cirurgias que se desenvolveu, entre outras, a “Microuvulopalatoplastia (MUPP) sob Anestesia Local” e a “Microturbinoplastia do Corneto Médio sob Anestesia Local” que são técnicas pessoais na cirurgia do Ronco, da Sinusite e da Obstrução Nasal, apresentadas no XXXIII Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e no VII Congresso Brasileiro de Rinologia e Estética da Face, respectivamente, além da “Timpanostomia sob Anestesia Local com o DVA (Dreno de Ventilação Auricular)”, apresentada no XXVIII Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, em São Paulo, quando foi vencedora no concurso: “O melhor Trabalho Científico”, concorrendo com 145 trabalhos e 430 autores, referindo-se a uma técnica microcirúrgica, também pessoal, minimamente invasiva e, a uma invenção de um dispositivo usado neste mesmo procedimento otológico.

Saiba mais: Nova técnica cirurgica no tratamento das sinusites e Atualidades na otorrinolaringologia

César Augusto Seronni e Giovanni Paolo Seronni são médicos otorrinolaringologistas (pai e filho). Clínica de Otorrinolaringologia e Otoneurologia CAS.

 

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