Dr. Giovanni Paolo Seronni
A região nasossinusal faz limite com estruturas de grande importância, como a base anterior do crânio superiormente, uma região delicada, formada em grande parte por uma fina camada óssea no teto do nariz, onde repousam estruturas como o cérebro, nervos cranianos, artérias e veias, que são de vital importância para o funcionamento de nosso organismo. A órbita está situada lateralmente separada do nariz pela lâmina papirácea, uma delicada camada óssea.
Nas cirurgias nasossinusais, normalmente são ampliados os óstios (orifícios) de drenagem dos seios paranasais. Ressecamos pólipos e outras patologias benignas dos mesmos. Tais procedimentos são realizados em íntimo contato com estes limites. Com a chegada dos endoscópios nasossinusais no arsenal diagnóstico e terapêutico, houve uma revolução na abordagem desta importante região anatômica. Hoje dispomos de endoscópios rígidos e flexíveis com várias angulações de filmagem (O°, 30°, 45° e 70°) e vários diâmetros (2,7, 4 e 5 mm) que nos possibilitam imagens de altíssima definição, visualizadas em tela de LCD, captadas de regiões profundas da cavidade nasal que, além de diminuir o índice de complicações cirúrgicas, nos possibilita a realização de procedimentos menos invasivos e mais efetivos.
Tal revolução possibilita uma familiarização com as estruturas vizinhas à cavidade nasal e, além de diminuir a possibilidade de complicações, proporciona uma via de acesso a procedimentos cirúrgicos nestas regiões.
Males que acometem a órbita, aumentando seu volume e a sua pressão a ponto de causar lesões por isquemia ou gerando exoftalmia (protusão ocular), como a Doença de Graves, podem necessitar de um procedimento cirúrgico de descompressão orbitária. Uma equipe multidisciplinar composta por otorrinolaringologista e oftalmologista pode realizar tal procedimento por via endonasal com abertura da parede medial orbitária (Lâmina Papirácea) proporcionando resultado terapêutico excelente, sem incisões externas e com mínima chance de complicações cirúrgicas.
As patologias das vias lacrimais em que não ocorre a completa drenagem lacrimal para as fossas nasais, gerando lacrimejamento excessivo e quando necessitam de correção cirúrgica, esta, também poderá ser realizada pela via endoscópica endonasal. O procedimento cirúrgico, neste caso, consiste na criação de uma comunicação direta entre o saco lacrimal e a fossa nasal. As vantagens desta via de abordagem são a ausência de incisão na pele, o menor tempo de duração e o acompanhamento pós-operatório em que avaliamos a cicatrização diretamente pela endoscopia nasossinusal.
A glândula hipófise é frequentemente acometida por tumores benignos como os adenomas hipofisário. Quando não respondem bem ao tratamento clínico ou o tumor começa a comprimir estruturas vizinhas, como o Quiasma Óptico, há indicação de remoção cirúrgica deste tumor. A via trans nasal de acesso a tumores hipofisários é utilizada há décadas, porém o advento da cirurgia endoscópica proporcionou uma melhor visualização da glândula acometida, proporcionando uma ressecção mais seletiva do tumor e também, preservando as porções não acometidas da hipófise. Podemos introduzir os endoscópios angulados no interior da Cela Túrcica na inspeção da mesma e na ressecção de restos tumorais. Mais uma vez, uma equipe multidisciplinar composta por otorrinolaringologistas e neurocirurgiões é necessária. O otorrinolaringologista, possuidor de um grande conhecimento da cavidade nasossinusal, faz o acesso à Cela Túrcica pela via endonasal através do Seio Esfenoidal. Ele posiciona a micro câmera para que o neurocirurgião possa realizar o procedimento cirúrgico e operar com as duas mãos, obtendo com isso, uma melhor exposição do campo operatório e uma melhor eficiência.
Várias técnicas têm sido apontadas por esta via de abordagem em vários tumores da base do crânio (cerebrais). O teto da cavidade nasal dá acesso à região mais anterior da base do crânio, podendo ser útil também como via cirúrgica de tumores das vias olfatórias, como os Estesioneuroblastomas, por exemplo. Os tumores para selares, como os Craniofaringiomas, podem ser abordados também pela via trans esfenoidal, abrindo-se o planum esfenoidal (acesso trans planum), com a vantagem de não haver a necessidade de tração cerebral, porém com limitações em tumores muito laterais. A via trans nasal tem sido alvo de muitas pesquisas como alternativas menos invasivas para o acesso à base do crânio. O entrosamento entre o neurocirurgião e o otorrinolaringologista tem sido o fator mais importante nesta nova modalidade de intervenção cirúrgica.
A robótica também está se tornando uma grande aliada nestes procedimentos avançados.
Com o avanço tecnológico a medicina vem dando passos largos e a otorrinolaringologia tem se despontado.
Saiba mais: Nova técnica cirurgica no tratamento das sinusites e Cirurgias otorrinolaringológicas minimamente invasivas
Dr. Giovanni Paolo Seronni é médico otorrinolaringologista também especializado em cirurgias videoendoscópicas e estética nasal (rinoplastias). Site: www.seronni.med.br
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